segunda-feira, 13 de abril de 2009

Filhos do Destino


"Filho do Destino é aquele a que o próprio Destino esquece! Não se conformando com isso, o filho rebelde guerreia contra seu próprio pai, renegando o caminho designado por outrem, e construindo o seu próprio.... provando assim sua linhagem guerreira"

domingo, 12 de abril de 2009

A Chapeuzinho vermelho - verssão primitiva

Acredito que qualquer indivíduo que já teve infância conhece alguns contos de fadas. Inclusive “Chapeuzinho Vermelho” - cuja ilustração ilustra este post (mas talvez muitos não reconheçam, sim?) - a versão mais famosa do conto é a dos Irmãos Grimm - possivelmente a versão de Perrault seja igualmente conhecida; mas acredito que poucas pessoas conheçam as versões mais primitivas ( e próximas do original, vindo da tradição oral européia ). Para quem quiser acompanhar um pouco do raciocínio deste post, eu colocarei uma tradução (grosseira) feita por mim mesmo de uma dessas versões:

“Uma 

mulher havia terminado de assar, então pediu que sua filha levasse pão e um pote de creme para sua avó que vivia numa cabana na floresta. A garota saiu, e no caminho, encontrou um lobisomem.
O lobisomem parou a garota e perguntou, “Onde você vai? O quê carrega?”
“Vou para casa da minha avó”, disse a garota, “e levo pães e creme”
“Por qual caminho você irá?” perguntou o lobisomem. “O Caminho das Agulhas ou o Caminho dos Alfinetes?”
“Eu irei pelo Caminho dos Alfinetes,” disse a garota.
“Ora, então eu irei pelo Caminho das Agulhas, e veremos quem chega lá primeiro”

A garota continuou, o lobisomem idem, e chegou à cabana da avó primeiro. Ele rapidamente matou a senhora e a engoliu - exceto por um pouco de carne, que pôs na prateleira da despensa, e um pou

co de sangue, que ele colocou em uma garrafa. Então o lobisomem se vestiu com as roupas da avó e se deitou na cama.
QUando a garota chegou, o lobisomem a mandou entrar”
“Avó,” disse a garota, “Minha mãe me mandou trazer um pão e creme”
“Coloque-os na despensa, minha netinha. Você está com fome?”
“Sim, vovó”
“Então cozinhe a carne que você encontrará na prateleira. Está com sede?”
“Sim, vovó”
“Então beba o vinho que você encontrará na prateleira logo acima, minha netinha”
Enquanto a menina cozinhava e comia a carne, um gato falou “Você está comendo a carne de sua avó!”
“Jogue seu sapato nesse gato barulhento” disse o lobisomem, e assim ela o fez.
Enquanto bebia

 o vinho, um pássaro disse, “Você está bebendo o sangue de sua avó!”
“Jogue seu outro sapato nesse pássaro barulhento”, disse o lobisomem, e assim ela o fez.
Quando ela terminou sua refeição, o lobisomem disse, “Está cansada da caminhada, minha netinha? Então tire suas roupas, venha para a cama e eu a aquecerei”
“Onde eu devo colocar meu avental, vovó?”
“Jogue-o no fogo, minha netinha, pois você não precisará mais dele.”
“Onde eu devo colocar o meu corpete, vovó?”
“Jogue-o no fogo, pois você não precisará mais dele.”
A menina repete essa pergunta para sua saia e suas meias. O lobisomem dá a mesma resposta, e ela joga cada item na lareira. Quando ela chega na cama, diz ao lobisomem, “Vovó, como você é peluda!”
“Para te manter aquecida, minha netinha”
“Vovó, que braços grandes você tem!”
“Para te manter junto a mim, minha netinha”
“Vovó, que orelhas grandes você tem!”
“Para ouvi-la melhor, minha netinha”
“Vovó, que dentes grandes você tem!”
“Para te devorar

 melhor, minha netinha. Agora venha e se deite ao meu lado”
“Mas primeiro eu preciso ir ao banheiro”
“Faça na cama, minha netinha”
“Eu não posso. Preciso ir lá fora,” a menina disse, pois agora ela sabe que é o lobisomem mentindo na cama de sua avó.

“Então vá lá fora,” o lobisomem concorda, “Mas volte logo. Eu irei amarrar um cordão no seu tornozelo para saber onde você está”. Ele amarra seu tornozelo com um cordão robusto, mas logo que a garota está do lado de fora, corta-o com sua tesoura e amarra o cordão numa árvora de ameixas. O lobisomem, ficando impaciente, chama-a “Ainda não terminou, minha netinha?” Quando ninguém responde, ele a chama novamente. “Você está aguando a grama ou adubando as árvores?” Nenhuma resposta. Ele então pula da cama, segue o cordão e não a encontra.

O lobisomem a persegue, e logo a menina pode ouví-lo na trilha atrás dela. Ela corre e corre, até alcançar um rio profundo e de forte correnteza. Algumas lavadeiras trabalham na beira do rio. “Por favor, ajude-me a atravessar”, ela diz. As lavadeiras estendem um lençol sobre a água, segurando firmemente as pontas. Ela atravessa a ponte de tecido e logo está segura no outro lado.

O lobisomem então alcança o rio, e pede às mulheres que o ajudem a atravessar. Elas estendem o lençol sobre a água - mas quando ele está no meio da travessia, as lavadeiras soltam o lençol. O lobisomem cai na água e se afoga.”


Esta é uma versão mais primitiva da história que todos já ouvimos muitas vezes quando criança; existem também variações em que a garota é devorada pelo lobo (nas versões primitivas, o personagem nem sempre é um lobo, mas pode ser um ogre ou um ‘bzou’ (lobisomem, como nesse caso) ) - uma destas é a versão de Charles Perrault, que acrescentou o famoso capuz vermelho. Obviamente, o conto passou por diversas transformações ao longo da história, mas será que foram mudanças para melhor? Comparando a versão acima com a dos Irmãos Grimm, por exemplo - muitos subtextos foram perdidos: a incorporação da avó pela neta (o novo devorando o velho, evolução, etc.), a sedução da menina pelo lobo, e, uma outra falta que eu considero extremamente grosseira, a adição do caçador que salva a garota e a avó.

Em nome de um senso de moralismo absolutamente falso e inadequado, aquele que é o tema central do conto - a passagem da infância para a adultez, e o ingresso na vida sexual ( com seus devidos perigos ) foi destruído. Não apenas isso, mas o conto se tornou uma ferramenta para subjulgar o feminino ao masculino - a menina é salva por um homem; as entrelinhas são bem claras - a mulher frágil só pode ser salva, protegida, submetida a seu marido/pai/etc. Talvez essa versão primitiva seja um pouco forte, mas, a que propósito servem os contos de fada? Não é deixar uma imagem forte, uma lição duradoura que possa ficar registrada na mente irrequieta e sem limites dos pequenos? O conto de Perrault deixa uma explícita moral ao final:

“Crianças, especialmente jovenzinhas atrativas, não devem falar com estranhos, pois podem muito bem servir de jantar para um lobo. Eu digo ‘Lobo’, mas há vários tipos de lobos, inclusive aqueles que são encantadores, quietos, educados, complacentes e doces, e perseguem jovens até em casa e nas ruas. E, infelizmente, são esses lobos gentis os mais perigosos de todos.”

( O original é na verdade em versos rimados, mas eu sou um péssimo tradutor )

Infelizmente, parece-me que os contos de fada vão perdendo muito de seu conteúdo original, tendo suas funções original deturpadas - novamente, em nome de um ‘moralismo’ falso e inadequado. Mas enfim, acho que nada atualmente tem muito conteúdo ( especialmente em se tratando de conteúdo infantil… Vide Xuxa ). E para quê se precisa de conteúdo não é mesmo? Vamos ligar nossas TVs e dar descarga em nossos cérebros…

Abraços…

PS.: Chapeuzinho Vermelho é um dos contos mais queridos por mim. Aguardem mais num futuro próximo…

PPS.: Para quem se interessa pelos subtextos e leituras psicológicas dos contos de fada… A leitura obrigatória é de Bruno Bettelheim ( A Psicanálise dos Contos de Fada )


Fonte do original: http://www.endicott-studio.com/rdrm/rrPathNeedles.html

http://spleennpipes.wordpress.com/

terça-feira, 7 de abril de 2009

Ártemis - Diana; deusa da Lua

Todos nós conhecemos a imagem de Ártemis (Diana, para romanos), que foi esculpida e pintada como uma deusa lunar esquia, virginal, acompanhada de cães ou leões e trazendo um arco dourado nas mãos. Ela era a deusa mais popular da Grécia. Ela habita as florestas, bosques e campinas verdejantes, onde dança e canta com ninfas que a acompanham. Em seu culto, estão presentes danças orgiásticas e o ramo sagrado. Ela era uma deusa de múltiplas facetas associadas ao domínio da Lua, virgem, caçadora e parteira e de fato representa o feminino em todos os seus aspectos.

 

Quando Ártemis era pequena, Zeus, seu pai, perguntou-lhe o que queria de presente em um dos seus aniversários.

Ártemis respondeu:

- Quero correr livre e selvagem com meus cães pela floresta e nunca, nunca casar. Foi feita a sua vontade.

 

Ártemis, é a mais antiga de todas as Deusas gregas. Alguns autores traçam suas origens às tribos caçadoras de Anatólia, que teria sido a morada das míticas amazonas. Outros afirmam sua descendência provêm da grande deusa da natureza Cibele, na Ásia Menor, uma Senhora das Feras que costumava estar sempre rodeada de leões, veados, pássaros e outros animais. Mas de acordo com Walter Burkert em "Greek Religion", é provável que Ártemis remonte à era paleolítica, pois em sua homenagem os caçadores gregos penduravam os chifres e peles de suas presas numa árvore ou em uma pilastra em forma de maça.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Místico

Tu, místico, vês uma significação em todas as cousas.   
Para ti tudo tem um sentido velado. 
Há uma cousa oculta em cada cousa que vês.   
O que vês, vê-lo sempre para veres outra cousa. 
Para mim, graças a ter olhos só para ver, 
Eu vejo ausência de significação em todas as cousas; 
Vejo-o e amo-me, porque ser uma cousa é não significar nada.   
Ser uma cousa é não ser susceptível de interpre - Fernando Pessoa


quarta-feira, 1 de abril de 2009

Christopher Supertramp McCandless



"Se deseja alguma coisa na vida, você deve ir la e pegar"