sábado, 21 de novembro de 2009

A Terra dos Elfos Setentrional

Era uma vez, numa terra muito distante, distante de tudo que conhecemos, mas não tão diferente; numa terra em que grandes cordilheiras verdes desenhavam perfeitamente a paisagem colorindo todo o horizonte, numa terra em que animais selvagens eram abundantes e corriam soltos por todos os vales justamente porque as florestas eram abundantes e vigorosas; foi desta mesma terra que brotou, como que pura manifestação divina, um povo muito especial; um povo que dia após dia cultuavam o nascer do Sol e da Lua, veneravam os sopros do vento e as cores e sabores que os deuses haviam concedido a realidade; tudo, para este povo, era belo e perfeito! Uma unidade de perfeição e harmonia traçava toda a existência, a dor e o sofrimento não eram nada mais que intensificadores desta realidade...desta vida! “ora”... diziam eles, “como poderíamos saber o quanto realmente é doce o mel, se não tivéssemos provado por tanto tempo do fel?”; para eles portanto, a existência era puro fluir e devir, enquanto que os homens nestas existência não passavam de meras peças de xadrez neste imenso jogo dos deuses, a escolha partia de cada um, deixar-se levar pela vida e pelos objetivos misteriosos dos deuses . .. se estes realmente existissem... ou levar a vida, dar rumo a existência.... dar sentido a uma caminhar que muitas vezes poderia mostrar-se sem sentido! Para este povo, viver era sinônimo de engrandecimento, de superação, intensidade, mas principalmente felicidade. Felicidade na afirmação de si, de seus instintos, de sua existência, de sua realidade! Todos, ... desde adultos e crianças, mulheres e homens, desejavam afirmar-se na posição de guerreiros, prontos para a guerra que é a existência, o fel da vida – porque sem este não haveria sentido no mel – guerra não simplesmente como desordem . . ou ao menos não significa pura desordem sem sentido; a guerra era o sentido da vida, e esta mesma vida mostrava-se impiedosa para com os fracos.... o eterno e universal confronto da existência que podia ser visto deste os mais singelos e minúsculos seres vivos ate as mais poderosas e sublimes manifestações naturais, guerra não poderia ser negada e desprezada! Certo dia, conversando com um velho e sábio ancião de cabelos brancos deste povo, ouvi dele a devida reflexão: “se somos parte da existência meu filho, e essa existência demonstra a cada momento que é guiada por certas leis, porque deveríamos nega-las?!.... somos diariamente e nunca deixaremos de ser paz e guerra, amor e ódio, harmonia e caos, felicidade e tristeza .. . quão tolo eu seria negando minha própria natureza... de certo, sei que os piores tiranos que já existiram foram repressores sim! Repressores da natureza em prol da loucura de se imaginar num mundo sem sofrimento! .. Chegam a ser cômicos... hahaha .... perceba que tolice! Causaram muito mais sofrimento.. . causaram desequilíbrio entre as forças! Porque mesmo a guerra sendo essencial a existência, deve haver um equilíbrio entre as forças ... o Caos e a Ordem devem guerrear. .. . assim sempre será! Mas os tiranos, imaginando ser possível um mundo perfeitamente guiado por ‘determinadas concepções de ordem’, acabaram criando desordem sem limites . . criaram Caos, morte, sofrimento, e tristeza sem limites. Isto claro, por não terem cultivado a devida sensibilidade necessária para se conhecer uma quantidade mínima destas significações e leis naturais...os guias da existência”.

Indiscutivelmente estes povos do norte desenvolveram sua cultura em total oposição aos do Sul, eram muito próximos da natureza e possuíam em maioria uma concepção de unidade da vida que era explicita no seu modo de viver que não degradava o meio em que viviam. Guerreiros, artistas natos, afirmadores da vida e felizes..... a felicidade enquanto condição de existência, tristeza e alegria nada mais que estados e cargas emotivas que não determinavam a fundo nossa verdadeira condição.


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